Estou escrevendo um texto que trata das dúvidas comuns que pessoas têm sobre ser xenogênero, e quanto mais eu discorro, mais eu percebo que a ignorância acerca de pessoas e identidades xenogênero tem muito a ver com ignorância sobre não-binaridade e cisdissidência num geral.

Tipo, alguém "pró-trans" que pergunta agressivamente "como se trata alguém que diz que é gênero-estrela" provavelmente não entende que linguagem não tem a ver com gênero, que uma pessoa gênero-fluido pode usar um conjunto de linguagem só, que mulheres não precisam usar a/ela/a e que homens não precisam usar o/ele/o.

Ou se a pergunta é sobre se "alguém cujo gênero é relacionado com gate vai querer transicionar seu corpo para um corpo de ume gate", a pessoa não entende que corpo atual e/ou desejado não precisa ter a ver com identidade de gênero, ou que mesmo gêneros binários são muitas vezes arquétipos ou metáforas também.

Essas formas de pensar não prejudicam só pessoas xenogênero — embora sejamos alvos mais fáceis — elas também demonstram a indiferença e o desconhecimento acerca de cisdissidência e de inconformismo de gênero num geral.

#xenogênero #nãoBinárie #exorsexismo #cissexismo #transmisia

ac: #exorsexismo

- Terminologia como masculine/feminine/macho/fêmea/etc. são ligadas a gênero em várias línguas, então terminologia melhor precisa ser usada para descrever linguagem, roupas, modos de agir, genitálias, hormônios, etc.

- Papeis de gênero precisam acabar. Monossexismo precisa acabar. Cissexismo precisa acabar. Diadismo precisa acabar. Duaricismo precisa acabar. Narrativas colonialistas sobre e opressões contra culturas não-cristãs precisam acabar. A ideia de identidades queer/cisdissidentes precisarem ser algo que a pessoa nasceu sendo e que são coisas "puras" que se forem afetadas por algo externo estão erradas precisa acabar. Estas coisas não são necessariamente só sobre pessoas não-binárias, mas não há como acabar totalmente com exorsexismo sem acabar com elas também.

Esses problemas não podem ser resolvidos partindo da ideia que só se identificar como não-binárie é suficiente (sem poder usar rótulos como gênero-fluido, gênero-estrela, neurogênero, etc). Esses problemas também não podem ser resolvidos se pessoas não-binárias simplesmente se decidirem se são mais homens ou mais mulheres.

Exorsexismo é um problema "da vida real", identidades não-binárias são relevantes "na vida real" e são relevantes para questões de ativismo também.

Quem não quer apoiar pessoas que usam ~rótulos estranhos~ porque pega mal pra sua imagem respeitável e séria está contribuindo com a opressão de pessoas não-binárias e suas consequências.

#exorsexismo

- Identidade de gênero é algo que muita gente não vai ter certeza sobre, e há diversidade demais pra só colocar opções específicas em formulários. Portanto, documentos não deveriam ter gênero, e se for pra ter campo de gênero em sites e similares, não pode ser um campo imutável ou onde a pessoa não possa se descrever usando as palavras que quer.

- Da mesma forma, espaços segregados por gênero (banheiros, esportes, seguros, lojas de roupas, etc.) precisam deixar de existir. "Separar por genitália" também não é solução ou algo que faz tanto sentido quanto a maioria pensa. Proteções direcionadas a mulheres precisam ser repensadas de forma que não prejudiquem ou excluam pessoas que não são binárias.

- Se conjuntos de linguagem pessoais são uma forma de expressar gênero em línguas onde há tal distinção, coisas como pronomes e artigos precisam virar tão abertas como nomes dentro da gramática padrão.

- Nomes e conjuntos de linguagem podem mudar de tempos em tempos, especialmente para pessoas gênero-fluido. Além de pessoas precisarem ser informadas sobre isso, são necessários sistemas para estas coisas que não excluam pessoas que precisem dessa mudança (ex.: crachás diferentes com os nomes diferentes da pessoa no trabalho).

- Quando se fala sobre gênero, não dá pra agir como se só existisse homem/mulher/nenhum, masculine/feminine/neutre ou mulher/homem/estágios entre tais gêneros. Pessoas precisam ser ensinadas sobre a diversidade possível para melhorar a saúde mental de pessoas com identidades mais incomuns.

- Transição física precisa ser estudada e aplicada de formas além das focadas em pessoas trans binárias. Isso se aplica tanto a cirurgias quanto a efeitos de hormônios.

- Tecnologias que ajudam pessoas a disfarçar partes de seus corpos temporariamente (como binders) precisam ser melhoradas, porque nem todo mundo vai usá-las temporariamente "até a cirurgia".

#NãoBinárie #NãoBinaridade #NãoBinariedade #Exorsexismo #QuestõesNB

Estou escrevendo uma postagem de blog relativamente detalhada sobre #exorsexismo, pra explicar o que é e tal, e cheguei numa parte aonde estou falando de tipos específicos de exorsexismo.

Eu falei de monogenerismo e de reducionismo de gênero. Tem mais alguma coisa? Estou bem cansade pelo tanto que este texto está demorando x_x

Eu acabei de escrever um texto ligando uma série de comportamentos casualmente exorsexistas a dois ideais bem problemáticos, mas Colorid.es não quer federar ele, e, enfim, acho bom ter ele aqui na Local de qualquer modo:

https://amplifi.casa/~/Asterismos/o-apoio-superficial-%C3%A0s-pessoas-n%C3%A3o-bin%C3%A1rias

#NãoBinárie #nãoBinaridade #nãoBinariedade #exorsexismo #cissexismo

/* Como exortransmisoginia não deve ter sido um termo muito usado, aqui outras palavras pra filtros pegarem isso: exorsexismo / transmisoginia / transmisia / misoginia / cissexismo */

Então, quando aparecem pessoas não-binárias DHAN, ou até mesmo mulheres trans que não se encaixam em certos estereótipos, muita gente que acha que não é transmisógina começa a fazer argumentos transmisóginos.

Isso afeta principalmente pessoas não-binárias (e outras que não se encaixam no binário homem/mulher), porque a maioria das pessoas não pensa em como essas pessoas se encaixam no binário "gênero opressor homem" x "gênero oprimido mulher".

Daí, quando aparece uma pessoa NB transfeminina ou pessoa em situação similar, as pessoas reproduzem ideias como:

- a identidade de gênero dessas pessoas não conta, o que conta é que foram DHAN;

- essas pessoas não parecem/estão tentando parecer mulheres, então são basicamente homens (e com todo o privilégio associado a isso. Também supostamente contam como homens em relação à atração);

- se a linguagem da pessoa não for somente a/ela/a, tudo bem usar sempre o/ele/o;

- já que a pessoa não é exatamente mulher, a pessoa não deveria estar em espaços para mulheres / é um perigo para mulheres / tem sempre muito poder em relação a mulheres / etc.;

- "não se identifica como homem só pra não ser acusade de ter privilégio".

Ou seja: basicamente argumentos transmisóginos, só que certas pessoas que os fazem não vão admitir que são transmisóginas porque não estão fazendo isso contra mulheres trans.

O que quero que tirem daqui é que esse é um fenômeno que existe, incluindo em círculos de ativismo ou "desconstruídos" ou "pró-trans". Prestem atenção.

E respeitem as identidades de gênero alheias, inclusive quando alguém tá fazendo merda, e inclusive além de frases superficiais de respeito e validação.

#exorsexismo #transmisoginia #transmisia #misoginia #cissexismo #exortransmisoginia #exormisoginia